Abordagem Notícias
SANTA CASA
GERAL • 02/12/2021

Júri da boate Kiss: 'a última vez que eu corri foi para tentar me salvar da morte', diz sobrevivente

Jovem de 28 anos é a segunda sobrevivente ouvida no júri.

Júri da boate Kiss: 'a última vez que eu corri foi para tentar me salvar da morte', diz sobrevivente

Começou às 20h17 desta quarta-feira (1º) a oitiva da segunda sobrevivente do incêndio da boate Kiss durante júri do caso em Porto Alegre. Kelen Giovana Leite Ferreira foi à festa no dia 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, e teve parte de uma perna amputada em razão dos ferimentos sofridos.

A mulher, de 28 anos, falou sobre as lesões que sofreu no incêndio. Emocionada, Kelen relatou que caiu na tentativa de fugir e que sua sandália ficou presa no tornozelo, cortando a circulação sanguínea.

"A última vez que eu corri foi para tentar me salvar da morte", disse.

Kelen teve 18% do corpo queimado. A jovem relatou ao juiz Orlando Faccini Neto que passou pelo processo de aceitação desde o ano passado, em razão das cicatrizes.

"Eu queimei 18% do corpo e eu perdi meu pé. Uso uma prótese em decorrência de tudo o que aconteceu", disse.

Mais cedo, uma ex-funcionária da boate foi ouvida pelo juiz, representantes do Ministério Público e advogados dos réus. Kátia Giane Pacheco Siqueira recordou o momento do incêndio e as queimaduras que sofreu em 40% do corpo.

Conforme o juiz Orlando Faccini Neto, ao menos três sobreviventes devem ser ouvidos neste primeiro dia de júri. Além de Kátia Giane e Kelen Giovana, deve acontecer a oitiva de Emanuel de Almeida Pastl, sobrevivente que se especializou em prevenção de incêndio e casou com enfermeira que cuidou dele.

Outras falas

Kelen Giovana falou do processo de luto durante os quase nove anos após a tragédia. A sobrevivente criticou um documentário produzido pela defesa de um dos réus, em que ele fala sobre o processo.

"Dor não é gravar um vídeo e chorar. Dor é passar esses oito, quase nove anos, o que eu passei lá dentro, o que eu passo na minha pele, o que eu passo andando na prótese, machuca. Isso é dor. Dor é quando eu olhei muito tempo no espelho e chorei por ter ficado assim", desabafou.

A promotoria perguntou se ela tinha a mesma percepção de outros depoentes de que "a Kiss era um labirinto". "Sim", concordou Kellen.

Quem são os réus?

Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, 38 anos, era um dos sócios da boate
Mauro Lodeiro Hoffmann, 56 anos, era outro sócio da Boate Kiss
Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, músico da banda Gurizada Fandangueira
Luciano Augusto Bonilha Leão, 44 anos, era produtor musical e auxiliar de palco da banda

O Ministério Público denunciou, com base nos inquéritos da Polícia Civil e da Polícia Militar, outras 20 pessoas, incluindo bombeiros, sócios, ex-sócios ou pessoas que tinham relação com a boate. Elas foram denunciadas pelos crimes de falsidade ideológica, fraude processual, falso testemunho, negligência e prevaricação.

Ainda foram denunciadas por falsidade ideológica outras 27 pessoas que assinaram documento dizendo morar a menos de 100 metros da boate, o que não era verdade e foi comprovado em investigação policial.

Outros quatro bombeiros militares foram denunciados por improbidade administrativa em ação civil pública, sendo dois ex-comandantes do 4º Comando Regional e dois ex-chefes da Seção de Prevenção de Incêndio do batalhão.

Assim, no total, respondem ou responderam judicialmente em processos relacionados à tragédia da boate Kiss 51 pessoas.

Fonte G1




lena pilates
Pharmacia Antiga