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AGRICULTURA • 27/08/2021

Palmital: Produtor perdeu 100% da produção em incêndio e ainda corre o risco de multa

Pelo menos dois mil alqueires de milho e palhada foram consumidos pelo fogo.

Palmital: Produtor perdeu 100% da produção em incêndio e ainda corre o risco de multa

Na última quarta-feira, 25, grande parte da zona rural do município de Palmital-SP foi fortemente afetada pelo incêndio que demorou pelo menos 10 horas para ser contido. O fogo atingiu desde a cabeceira da Água da Aldeia até as Três Ilhas, nas margens do Rio Paranapanema.

Alexandre Andrade da Silva, diretor da unidade da Coopermota de Palmital e proprietário do Sítio São Sebastião, localizado na Água dos Andrades, conta que houve um prejuízo considerável, algo em torno de R$ 270 mil. Não bastasse isso, avalia que só para que os agricultores recuperem a qualidade do solo, vai demorar pelo menos cinco anos.

O produtor conta que, somando tudo, o incêndio atingiu dois mil alqueires das propriedades dele e dos vizinhos, devastando as culturas de cana-de-açúcar, milho, banana, pastagens e hortas com várias espécies de legumes e verduras.

“Tive 100% de prejuízo no milho que ainda havia para colher, bem como na palhada, pois o fogo consumiu tudo o que tinha pela frente. Em termos de valores, ainda estamos aguardando a vistoria, mas chega perto de R$ 220 mil do que tinha para colher do milho, isso com o seguro, que cobre 144 sacas por alqueire, no valor de 60 reais. Só que hoje o milho está em 90 reais, dando uma diferença de 30 reais por saca. Se for calcular o valor da saca de milho hoje, sobre a cobertura oferecida, os prejuízos estão calculados em R$ 272 mil. Fora isso, vai ser preciso uns cinco anos para recuperar o solo”, avalia.

Luta desigual

Alexandre relata que tão logo o fogo foi percebido, todos os  produtores se prontificaram a ajudar, fazendo aceiros com grades.

“Foram sendo enviados os caminhões pipa, mas o vento fez o fogo se propagar muito rápido. Essa foto (abaixo) foi em minha propriedade quando o fogo começou a tomar conta de tudo. Em coisa de 20 minutos as chamas já estavam na minha área

 

Nessa foto, eu já estava no trator tentando controlar o fogo em minhas terras, mas já estava praticamente incontrolável. Nesse momento, os bombeiros estavam na beira da pista (Rodovia Nelson Leopoldino) e o trânsito se encontrava parado. Com as rajadas de vento, o fogo pulava longe Na parte da tarde tivemos ajuda do helicóptero águia. Foi tudo muito desesperador! Houve um momento em que eu tentava combater as chamas, aí quebrou o cabeçalho do trator, a grade ficou no meio do fogo e felizmente um bombeiro correu para me ajudar”, lembra Alexandre.

 

 

Orientação

Alexandre orienta aos proprietários das áreas atingidas pelo incêndio, que façam boletim de ocorrência para se preservarem, caso a Polícia Ambiental futuramente queira multá-los pelos estragos na flora e na fauna que foram atingidas nas propriedades de cada um, mesmo que já tenham colhido o milho antes do incêndio.

“Isso é uma medida de proteção para todos. E se a área ainda não havia sido colhida, e foi atingida, deveremos fazer um novo comunicado de sinistro, por incêndio, mediante formulário assinado aqui comigo! Essas são as informações repassadas para os produtores em reunião no sindicato”, alerta.

O Sindicato Rural de Palmital está com uma pessoa atendendo os associados para elaborar os boletins de ocorrências de forma online.

 

Cenário desolador

“Esse incêndio nos trouxe um prejuízo incalculável. Tivemos canaviais e roças de milho, sem colher, queimados. As palhadas de milho onde a matéria orgânica e nutrientes levam anos para se obter, foram incendiados em poucos minutos; a recuperação desse solo vai levar anos para voltar a ser como era. As canas de brota, que já tinham sido afetadas pelas geadas, estavam rebrotando; agora o fogo cozinhou a brota”, lamenta.

Além do prejuízo do milho todo queimado, de não conseguir fazer a colheita, Alexandre conta que terá de apanhar todo milho do chão, pois isso pode resultar em problemas na cultura da soja.

“2021 tem sido um ano muito difícil para nós, agricultores, que sofremos com uma seca severa, tivemos seis geadas e agora esse fogo acabou com o que tínhamos para colher. Não vai ser fácil recuperar”.

Apelo

“Eu, como agricultor, faço um apelo para as pessoas: que tenham cuidado, pois com esse tempo seco o risco de incêndio é muito grande. A nossa luta vai continuar, temos fé que na próxima safra seremos abençoados para minimizar os prejuízos, mas precisamos nos conscientizar que com fogo não se brinca, muitas vidas foram colocadas em risco durante o incêndio. Eu, como um dos tantos atingidos pelo fogo, gostaria de agradecer a todos os agricultores que ajudaram, ao corpo de bombeiros, polícias militar e rodoviária, helicóptero águia, prefeitura, enfim, todos que lutaram para combater esse grande incêndio. Foram todos guerreiros”, finaliza.

 

 

 

Redação Abordagem

Fotos cedidas pelo agricultor




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