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SANTA CASA
GERAL • 29/09/2017

Cardiologista Roberto Kalil Filho alerta sobre os riscos cardíacos

Presidente do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Cardiologista Roberto Kalil Filho alerta sobre os riscos cardíacos

Mais de 17 milhões de pessoas morrem ao ano no mundo em decorrência de problemas cardíacos

 

O coração é tão importante e essencial para a vida que simboliza o amor entre as pessoas. Ao mesmo tempo, as doenças cardiovasculares, como angina, infarto do miocárdio e derrame cerebral, são as principais responsáveis pela mortalidade em todo o mundo.

A Federação Mundial do Coração (World Heart Federation) escolheu o dia 29 de setembro para celebrar mundialmente o Dia do Coração, com o objetivo de divulgar os perigos das doenças do coração e prevenir possíveis ataques.

Trata-se de um importante lembrete para toda a população, feito na forma de luzes vermelhas que iluminam hospitais, monumentos e edifícios do Brasil e de diversos países do mundo. Afinal, anualmente, mais de 17 milhões de pessoas morrem em decorrência das doenças cardíacas.

Para o cardiologista Roberto Kalil Filho, presidente do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e diretor de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, a prevenção cardiovascular é essencial para reverter esses números.

“Criou-se uma cultura altamente prejudicial de que o infarto, a doença do coração, sempre atinge o outro. Nunca acontece conosco, é sempre com o vizinho, o amigo. Dessa forma, as pessoas desconsideram seu estado clínico, os fatores de risco, e somente se dão conta do perigo que corriam quando o pior evento [o infarto, por exemplo] ocorre. O ‘Setembro Vermelho’ tem o objetivo, portanto, de fazer as pessoas pensarem nos cuidados com o coração antes que a situação chegue a um ponto que pode ser fatal”, explica Kalil.

De acordo com o especialista, é muito importante que as pessoas criem consciência a respeito dos fatores de risco das doenças cardíacas. Boa parte dessas condições é passível de mudanças e depende, basicamente, da iniciativa dos pacientes em alterar hábitos nocivos e prejudiciais em seu cotidiano.

“O infarto é uma doença hereditária, cujas chances de incidência passam de pai para filho. Esse fator, portanto, não pode ser alterado ou controlado. Outros fatores, no entanto, podem e devem ser alvo de preocupação, pois são passíveis de mudança. O colesterol alto, o cigarro, o sedentarismo e a obesidade são condições que aumentam sensivelmente a possibilidade de ocorrerem doenças cardíacas”, afirma o cardiologista, que fala ainda sobre duas outras doenças que são extremamente prejudiciais para o coração quando não controladas pelos pacientes.

“Hipertensão e diabetes. O paciente hipertenso ou diabético que não se cuida contribui muito para a incidência de doenças no coração. Esses são os principais fatores de risco das doenças cardíacas e são todas condições que podem ser controladas ou alteradas pelas pessoas. O paciente muitas vezes reluta em mudar seus hábitos porque considera erroneamente que as doenças cardíacas só irão ocorrer com o outro, nunca com ele próprio”, completa.

O que chama a atenção nas doenças que envolvem o coração é a alta incidência de mortes. Ainda hoje, 2017, a taxa de pacientes que morrem em decorrência de problemas no órgão é altíssima, mesmo em um cenário que conta com constante evolução de medicamentos e exames em hospitais de alta tecnologia.

Acreditar, portanto, que todo e qualquer problema no coração pode ser simplesmente resolvido a partir de remédios e intervenções cirúrgicas (desconsiderando o tratamento dos fatores de risco) é uma ideia perigosa, que acaba justamente aumentando o número de mortes resultantes desse cenário.

“O infarto é a doença que mais mata no mundo. No Brasil, também é a doença com maior índice de mortalidade. É preciso, portanto, prevenir. Se você realiza check-ups, avaliações médicas com frequência e detecta uma obstrução, você conseguiu descobrir o problema antes de um evento maior que seria o infarto. Por isso, é importante as pessoas se prevenirem, não só em relação aos fatores de risco, mas realizando avaliações clínicas rotineiras com orientação médica”, afirma o especialista.

Campanha

O mês de setembro foi escolhido para concentrar as campanhas de conscientização, prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares porque no dia 29 é comemorado o Dia Mundial do Coração, uma inciativa criada em 2000 pela Federação Mundial do Coração com apoio das Nações Unidas.

Desde então, diversas organizações no Brasil e no mundo realizam ações para lembrar a data, incluindo a iluminação vermelha de prédios e monumentos.

Cerca de 80% das doenças cardíacas podem ser evitadas com apenas quatro atitudes saudáveis: não fumar, evitar o consumo de álcool, adotar uma dieta equilibrada e praticar atividade física. É justamente por isso que Kalil ressalta a importância de atentar-se frequente e diariamente aos fatores de risco do coração.

“Cuide-se, cuide do seu coração. Essa é a mensagem principal da campanha. Os cuidados devem ocorrer durante todo o ano, não apenas em setembro. Mas a campanha quer chamar a atenção para algo que é justamente esquecido e negligenciado com frequência por boa parte das pessoas. É preciso impactar e motivar o maior número possível de pessoas, para que ocorra uma conscientização em relação a hábitos saudáveis e também à constante avaliação médica”, conclui.

Ainda com o objetivo de ampliar o número de pessoas impactadas, o Hospital Sírio-Libanês mantém, desde 2016, um hotsite para promover o movimento “Cuide do seu coração”.

No espaço, o leitor encontra informações sobre doenças cardiovasculares, receitas saudáveis, bem como vídeos com dicas de exercícios físicos e um simulador eletrônico de risco cardíaco.

por Thassio Borges - Equipe Coração e Vida