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LOCAL • 15/08/2021

Pós-Covid: Em casa, mãe curte o filho que nasceu enquanto estava intubada, em Assis

Cristiane Bonatto se recupera das várias sequelas e curte os três filhos pequenos.

Pós-Covid: Em casa, mãe curte o filho que nasceu enquanto estava intubada, em Assis

Para quem crê em coisas que excedem a ciência, a assisense Cristiane Colombo Bonatto, de 28 anos, é um milagre, bem como seu filho, recém-nascido, Heitor, que só conheceu três meses após ter dado à luz quando internada em UTI da Santa Casa de MIsericórdia de Assis, em razão do novo coronavírus.

O encontro entre mãe e filho foi promovido na manhã da última quinta-feira, 12, na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, para onde Heitor, que nasceu prematuro, teve de ser transferido.

Cristiane estava grávida de cinco meses quando descobriu a contaminação pela Covid-19. Ela foi internada em março de 2021, e já no dia seguinte precisou ser intubada. Na ocasião, os médicos optaram pelo parto de emergência. Cristiane ficou 38 dias na UTI, sendo 23 deles, intubada. Com um quadro crítico, com 70% dos pulmões comprometidos e necessidade de hemodiálise, a paciente só recebeu alta após 44 dias.

No último sábado, 14, Cristiane concedeu entrevista ao site Abordagem:

Como foi a descoberta da contaminação pela Covid-19?

Comecei a sentir dor de garganta e um pouco de tosse, no dia 10 de março. Fui para o hospital no dia seguinte, fui medicada e voltei pra casa. Fiz o teste do Covid-19, no dia 14, e deu positivo.

Já havia sido vacinada?

Não, nenhuma dose. 

Quando você teve de ser internada, qual a principal preocupação que surgiu?

Ser intubada. Eu tinha perdido dois parentes muito próximos, em fevereiro, para o Covid, e infelizmente eles foram intubados e dias depois morreram. Então na minha cabeça eu não poderia ser intubada. Mas isso aconteceu no dia 20 de março.

Em algum momento você pensou que não fosse vencer?

Não, eu jamais imaginei que chegaria ao estado grave da doença. Para mim, eu seria internada e ficaria no oxigênio por uns dias, depois voltaria pra casa.

Quem cuidou dos seus outros filhos, ainda tão pequenos?

Meu marido e meus outros dois filhos pegaram Covid também, mas graças a Deus eles não apresentaram sintomas graves. Meu marido ficou com eles, depois minha sogra e minha cunhada, e depois também meus pais vieram de São Paulo para ajudar.

Você estava consciente no momento da cesárea?

Não, não vi nada.

Como foi ir para casa sem o bebê?

Foi difícil, mas minha mãe ficou com ele um mês depois que nasceu,  então ela pegou bastante amizade com as médicas, com as enfermeiras, que sempre estavam em contato. Mandavam fotos, vídeos, e isso ajudava bastante.

Qual a sua religião, e, em caso de ter fé, isso ajudou?

Sou católica. Tenho fé e isso foi essencial, pois sem fé, com certeza eu não estaria aqui agora. Os médicos e toda a equipe médica foram escolhidos a dedo por Deus.

Em tudo na vida, inclusive nos piores momentos, tiramos uma lição. O que você pôde aprender com tudo o que aconteceu?

A colocar Deus sobre todas as coisas e dar valor às pequenas coisas, pequenas mesmo! Hoje eu vejo todo o processo que o nosso corpo faz para dar um simples passo. Minha família sempre foi muito importante pra mim, mas hoje eu sei o real sentido da palavra 'família'. Sou abençoada por de ter uma tão especial!

Como foi se deparar com a carinha do seu filho no hospital de Presidente Prudente?

Foi lindo demais! Naquele momento eu era pura gratidão!

De que forma seus dois filhos que ficaram em casa, ainda tão pequenos, reagiram?

Minha filha, Helena, de três anos, rezava por mim todas as noites e até hoje ela me fala que tem raiva da corona, porque ele me deixou dodói e ela sentia muito a minha falta. Meu outro filho, Henrique, tem um ano oito meses,  então ele não entendia muito bem o que estava acontecendo.

Você foi internada com os cabelos compridos. Foram cortados no hospital?

Quando saí do hospital, tinha um nó muito grande e duro em minha nuca, que não tinha mais jeito, senão cortá-lo. A princípio, cortei só o nó, mas daí começaram a cair muitos fios cabelos, cair em tufos mesmo! Cortei curto, mas a queda continuou, então fiz um corte radical (risos). Muita medicação e a condição do pós-parto.

Como está sendo a recuperação?

Difícil, bem difícil mesmo! Eu tive muitas sequelas, principalmente articulares. Comecei a andar há um mês, com andador. Ainda não dobro os joelhos completamente e também não dobro o cotovelo esquerdo. Faço fisioterapia motora diariamente e tudo é bem dolorido. Mas com muita fé e paciência, as coisas vão voltando, aos poucos.

Foto tirada no dia em que os sintomas da Covid-19 começaram, em 10 de março de 2021.

 

Redação Abordagem

Fotos cedidas por Cristiane




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