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SANTA CASA
REGIÃO • 11/03/2019

Morre Lorival Almeida, duas vezes prefeito de Cândido Mota

O sepultamento será amanhã, às 16h30.

Morre Lorival Almeida, duas vezes prefeito de Cândido Mota

Desde a última quarta-feira internado na UTI Santa Casa de Misericórdia de Assis, morreu aos 81 anos, na manhã desta segunda-feira, 11, uma figura bastante ilustre de Cândido Mota: Lorival José de Almeida, muito conhecido em toda a região. A causa da morte foi diverticulite, seguida de infecção generalizada.

Lorival já foi prefeito de Cândido Mota – por dois mandatos, e teve importantes papeis, como fundador da Santa Casa de Cândido Mota, da APAE, do Serviço de Assistência Social, co-fundador do Asilo e Centro Vocacional Frei Paulino, construtor da Escola Agrícola do município e fundador do Lions Clube de referido município.

Filho de uma família tradicionalíssima, o nome de Lorival fica na memória de Cândido Mota, assim como ficou o de sua esposa, Leonilda Pereira de Almeida.

Lorival era filho e neto de produtores rurais. Seu pai, Francisco de Almeida, conhecido por Chico Nico, ainda muito jovem saiu do distrito de Sussuí – Palmital para trabalhar na construção da estrada férrea Sorocabana em Cândido Mota. Nesta ocasião conheceu a mãe de seus 13 filhos, Dulcilha Maria de Almeida. Eles se casaram em 1936; ele com 17 anos de idade e ela com apenas 14. Em 1938, em menos de dois anos, nasceu Lorival, o primeiro filho deles.

INTRODUÇÃO À POLÍTICA – Seu Francisco era secretário do governador Ademar de Barros, porém, como era semianalfabeto, Lorival era quem o auxiliava com as atas das reuniões. Aos 22 anos de idade, ele então se filiou ao partido ARENA. Na mesma época fundou o Jornal de Cândido Mota; o prefeito da cidade era Antônio Pipolo. Na eleição seguinte, Lorival foi escolhido como candidato entre seus pares.

Em 1968, perante veteranos como Lázaro Dias e Roque Pires de Almeida, Dr. Francisco de Assis Pereira, Chico Gavião, Lorival era, na política, a possibilidade de renovação. Seu perfil era de alguém sempre ativo na comunidade, que participava de eventos, que foi coroinha e presidente dos marianinhos e mais tarde da Congregação Mariana, sem falar nos artigos que escrevia no jornal que ele mesmo fundou.

E quem com idade mínima nas décadas de 70 e 80 não se lembra das festas juninas no Asilo. Festas que movimentavam a cidade, o comércio e arrecadavam para manutenção e importantes obras de melhorias naquela tão nobre instituição de acolhimento de idosos. Festas estas preparadas com, pelo menos, um mês de antecedência e que eram sucesso por três dias consecutivos.

A motivação de escolas fazerem também suas festas e o cansaço das irmãs de caridade que se empenhavam na realização destas, somada a poluição sonora gerada em uma região central da cidade, fez com que as edições futuras cessassem. Graças as festas realizadas até então muito foi arrecadado para a quermesse e leilão de gado, de tal forma que havia estoque de suprimentos como arroz e feijão depositados nas máquinas de beneficiamento para os próximos quatro anos quando a festa deixou de ser realizada. Além dos alimentos poderem ser retirados conforme a necessidade, outras instituições igualmente nobres em suas ações também recebiam doações.

Na época da Revolução de 1964 o MDB era o partido vigente. Lorival era Arena e em época de eleições a campanha era sobre caminhões lotados de apoiadores rumo aos comícios em bairros rurais como do Frutal do Campo, Taquarussu, Queixada, São Benedito, Porto Almeida. Na ocasião, José Bolfarini era seu oponente. Os eleitores viram em Lorival a possibilidade de renovação. A disputa foi acirradíssima e a vitória veio por apenas 28 votos de vantagem.

Lorival perdia na apuração até a abertura das urnas de eleitorado novo, tanto que os apoiadores de Bolfarini já se antecipavam nas comemorações quando nas últimas urnas a diferença foi sendo tirada. A vitória foi atribuída ao trabalho de qualificação do eleitor feita por Lorival e sua esposa Leonilda, sobretudo de mulheres e jovens que ainda não participavam das eleições. Não fosse esse trabalho corpo a corpo dificilmente alguém mudaria a linha de sucessão Pípolo, Bolfarini, ou Benedito Pires do poder. Neste primeiro mandato seu vice foi José Mussi.

Na eleição seguinte, os partidos poderiam lançar três sublegendas. Contra Aparecido Orlando Maia, nome indicado pelo então prefeito Lorival pela Arena, o MDB lançou três candidatos. Maia saiu vitorioso com uma folga de 700 votos em relação ao seu principal oponente colhendo frutos numa linha de sucessão a uma administração de muitos feitos.  Maia governo por três anos. Para a nova eleição em 1976 o candidato natural seria o Doca Pipolo, que era o vice do Maia, mas ele ficou com medo de uma possível derrota. Haviam outros nomes como Chico Gavião, Dr. Francisco, mas o partido foi atrás de Lorival que, na época residia também em Osasco, para ser novamente candidato contra José Bolfarini.

SEGUNDO MANDATO – Nesta segunda eleição Lorival ganhou com uma diferença de 1.700 votos, pela Arena. A maioria do eleitorado queria ver se repetir o tempo de prosperidade e grandes feitos para Cândido Mota e Lorival sabia que poderia fazer ainda muito mais como deputado por sua região do Estado. Chegou a fundar a ANDAP – Aliança dos Municípios do Vale Paranapanema fortalecendo o interesse de toda uma região nas instancias políticas superiores.

A RASTEIRA – Passado um ano e meio de mandato e faltando apenas cinco dias para a convenção da Arena, Lorival teve que renunciar ao cargo de prefeito para candidatar-se a deputado, mas na véspera da convenção muitos daqueles que o apoiavam retiraram seu nome da lista de pretendentes ao cargo de deputado. Até candidato morto apareceu. A fatídica notícia lhe foi dada por telefone por Ademar de Barro Filho que na época o estava apoiando. Este tenha sido talvez um dos momentos mais difíceis da vida de Lorival, que deixa um grande legado.

 

DESPEDIDA - O velório desse grande homem começa a partir das 16h30 desta segunda-feira, 11, na capela do São Vicente de Paulo e Nossa Senhora das Dores. O sepultamento está marcado para as 10h30 de terça-feira, 12, no Cemitério Municipal de Cândido Mota.

Lorival deixa um casal de filhos (Regina e Lourival Filho), e quatro netos, um deles, morto recentemente.

 

Redação Abordagem Notícias, com parte do texto da jornalista Renata Baldo Pereira, sobrinha de Lorival.




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