O Natal está chegando, e Assis se prepara para viver o primeiro das novas promessas.
A cidade, como quem ajeita as luzes da própria árvore, observa curiosa o que virá. Afinal, mais do que uma data, o Natal é um teste, e este será o primeiro Natal da atual administração. Um daqueles momentos em que o brilho das lâmpadas e o brilho da gestão se confundem, e a população se pergunta: será que vai acender?
O comércio, esse termômetro silencioso da cidade, espera ansioso. Em tempos em que o otimismo anda parcelado em doze vezes, qualquer centelha de movimento faz diferença. E é justamente por isso que este fim de ano se desenha como um desafio: aquecer as vendas, reacender a confiança e mostrar que Assis pode, sim, vestir-se de festa sem esquecer da economia.
A polêmica que rondou os bastidores, se a realização da FICAR no final de novembro, poderia ou não ‘roubar a cena’ do comércio local, é o tipo de discussão que só o tempo resolve. Há quem viu na feira uma vitrine poderosa, há quem tema o esvaziamento das lojas agora em dezembro.
A verdade é que, até o balanço final das festividades, tudo é suposição. O que está nas mãos da administração agora é evitar que a alegria de um evento se transforme na tristeza de um Natal sem movimento.
O vice-prefeito de Assis, ainda em outubro de 2024, em uma entrevista a um portal de notícias, já havia lançado um aviso em forma de esperança. Convocou a Associação Comercial e Industrial de Assis (ACIA) para pensar um ‘Natal diferenciado’, cheio de luzes, cores e movimento.
“A decoração natalina impactante para o comércio de Assis é essencial. Precisamos aquecer nosso comércio e criar um ambiente que traga as pessoas para visitarem a cidade”, afirmou na época. Palavras bonitas, e justas. Mas Natal, como a gente sabe, não se faz de discurso. Se faz de ação, e neste ano veremos os rumos.
E é aí que mora o desafio: transformar promessa em prática.
Porque o verdadeiro presente que a população espera não é o laço vermelho da propaganda, é o gesto concreto de quem governa. E não é preciso reinventar o trenó: basta ter sensibilidade e planejamento.
Se me permitem o palpite, aquecer o comércio é antes de tudo criar um ambiente de cidade viva. Luz nas ruas, música nas praças, feira de artesanato, Papai Noel de verdade (e não só no folder), ações culturais, segurança para andar à noite e, acima de tudo, uma comunicação que convide o cidadão a sair de casa. Campanhas do poder público como ‘Natal de Luz’, ‘Vozes de Natal’, poderiam ganhar força com promoções e vitrines coletivas. No entanto, a gestão, precisa ser o maestro que une empresários, artistas, entidades e munícipes num mesmo coro: o da esperança.
Assis já viu outros natais passarem, alguns discretos, outros cintilantes, mas o que o povo espera deste é simples, que ele brilhe de verdade.
Que cada enfeite tenha propósito, que cada rua iluminada traga gente, que cada gesto público traga resultado. O primeiro Natal de uma gestão é sempre um espelho: nele se refletem intenções, prioridades e o quanto se entende de cidade. E, no fim das contas, talvez a grande lição deste dezembro seja essa, Natal não é sobre gastar energia, é sobre gerar movimento.
*Rodrigo de Souza é mestre em Comunicação, Cultura e Arte, publicitário, professor universitário e analista de comunicação. É membro do Rotary Club de Assis do Vale, da Fundação Futuro e do Conselho Municipal de Cultura de Assis/SP.
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