Há fotos que o tempo não apaga.

Ele pode até embaçar os rostos, amolecer as cores, mas nunca apaga o que a imagem guarda: o instante em que o destino começou a ser desenhado.
Ontem, meu companheiro rotariano e presidente da Fundação Futuro, Celso Francisco, me mostrou uma dessas fotos, e por alguns segundos, eu deixei de ser o homem que escreve, o profissional, o Rodrigo de Souza. Voltei a ser o garoto da segunda fileira, nas aulas de espanhol com a professora Priscila, cercado de colegas e sonhos que ainda não sabiam o tamanho que teriam.
Naquele registro, eu era só mais um jovem do projeto.
Mas hoje entendo: ali já nascia o que me move até hoje, a crença de que a educação é o primeiro passo para mudar uma vida.
E mudar uma vida, quando se multiplica, muda o mundo.

A Fundação Futuro me ensinou isso antes mesmo que eu percebesse.
Foi ali que aprendi o valor do compromisso, da solidariedade e da esperança. Foi ali que descobri que o futuro não se espera, se constrói.
E talvez por isso, quando volto a esse lugar, não volto como alguém de fora. Volto como quem deve gratidão.

Eu vim daqui.
Desse chão, dessas cadeiras simples, dessas conversas que misturavam aprendizado e amizade. Vim das mãos que me ensinaram, dos olhares que acreditaram, da paciência de quem me esperou amadurecer.

Hoje, ao olhar essa foto, percebo que nada mudou, apenas os papéis.
Se antes eu recebia, agora sirvo.
Se antes aprendia, hoje ensino.
Se antes buscava um futuro, hoje ajudo a construí-lo com os jovens que estão onde eu já estive.
A Fundação Futuro continua viva, nas salas, nos risos e em cada história que renasce ali.
E eu continuo nela, não por saudade, mas por compromisso.
Porque quem veio daqui não esquece de onde veio.
E quem não esquece, volta ... para retribuir.