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ARTIGO • 17/01/2023

Janeiro Roxo: mês sobre a hanseníase traz reflexão sobre doença, saúde e políticas públicas

Por Theodoro Habermann Neto.

Janeiro Roxo: mês sobre a hanseníase traz reflexão sobre doença, saúde e políticas públicas

A hanseníase (lembrada este mês pelo Janeiro Roxo, pela luta e conscientização) é uma das doenças mais antigas da humanidade e já havia sido comprovada em múmias do Egito antigo. Há, inclusive, relatos na Bíblia, no livro de Levítico, e os sacerdotes tinham que isolar e fazer a purificação das pessoas acometidas. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente à África, são consideradas o berço da patologia infecciosa de evolução longa e causada pelo Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen (em memória de seu descobridor, o médico Gerhard Armauer Hansen).

 

O microrganismo acomete, principalmente, a pele e os nervos das extremidades do corpo. Embora seja uma doença basicamente cutânea, pode afetar os nervos periféricos, os olhos e, eventualmente, outros órgãos. O período de incubação pode durar de seis meses a seis anos.

 

A transmissão ocorre por meio de convivência muito próxima e prolongada com o doente, através de contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz, da forma transmissora chamada multibacilar, que não se encontra em tratamento. Os sintomas aparecem, primordialmente, nas extremidades das mãos e dos pés, no rosto, orelhas, nádegas, costas e pernas. São manchas esbranquiçadas, amarronzadas ou avermelhadas, com perda de sensibilidade ao calor, ao toque e à dor. É possível uma pessoa queimar a pele na chama do fogão ou em uma superfície quente e sequer perceber.

 

A sensação de formigamento também é um sinal da doença, cujos sintomas podem aparecer de diversas formas: sensação de fisgada, choque, dormência e formigamento ao longo dos nervos dos membros; perda de pelos em algumas áreas e redução da transpiração; redução de força na musculatura das mãos e dos pés; e caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.

 

É importante lembrar que há cura para a hanseníase e os medicamentos são distribuídos gratuitamente nas unidades básicas de saúde (UBSs) pelo SUS. O tempo de tratamento pode variar entre seis (em pacientes que têm a forma mais branda da doença) e 12 meses (aqueles com o tipo mais grave).

 

O tratamento é longo, mas eficaz se não for interrompido, sendo muito importante segui-lo à risca para eliminar completamente os bacilos. O diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada com o paciente são as principais formas de prevenção. Portanto, fica o alerta para sempre procurar um especialista da Sociedade Brasileira de Dermatologia para investigar quaisquer tipos de lesão ou sintomas.

 

Outros pontos importantes a serem discutidos sobre a transmissão milenar da hanseníase são moradia e saneamento básico, que também deveriam ser amplamente discutidos pelo Janeiro Roxo, já que as condições precárias favorecem a ação da Mycobacterium leprae. Segundo dados da 14ª edição do Ranking do Saneamento, publicado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados, aproximadamente 35 milhões de pessoas vivem sem água tratada e cerca de 100 milhões não têm acesso à coleta de esgoto no Brasil. Já uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que 45 milhões de brasileiros vivem em mais de 14 milhões de domicílios em situação de precariedade. Dentre os principais problemas estão o acesso à água e ao esgoto.

 

Portanto, além de tratarmos a hanseníase como uma doença, precisamos enxergá-la, ao menos em âmbito nacional, como algo também de natureza sociopolítica. É preciso que o poder público volte o olhar a tais problemas com urgência, não apenas pela dignidade das pessoas, mas também pelo prisma da saúde geral da população. É um dos nossos principais exemplos da necessidade impreterível de começarmos a prevenir para não precisarmos remediar.

 

* Theodoro Habermann Neto (CRM SP 70488), (RQE 33228), dermatologista do Vera Cruz Hospital 

Foto: Theodoro Habermann Neto/Crédito: Matheus Campos

 

Sobre o Vera Cruz Hospital

Há 79 anos, o Vera Cruz Hospital é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar. A unidade dispõe de 166 leitos distribuídos em diferentes unidades de internação, em acomodação individual (apartamento) ou coletiva (dois leitos), UTIs e maternidade, e ainda conta com setores de Quimioterapia, Hemodinâmica, Radiologia (incluindo tomografia, ressonância magnética, densitometria óssea, ultrassonografia e raio x), e laboratório com o selo de qualidade Fleury Medicina e Saúde. Em outubro de 2017, a Hospital Care tornou-se parceira do Vera Cruz. Em quase cinco anos, a aliança registra importantes avanços na prestação de serviços gerados por investimentos em inovação e tecnologia, tendo, inclusive, ultrapassado a marca de mil cirurgias robóticas, grande diferencial na região e no interior do Brasil. Em médio prazo, o grupo prevê expansão no atendimento com a criação de dois novos prédios erguidos na frente e ao lado do hospital principal, totalizando 17 mil m² de áreas construídas a mais. Há 35 anos, o Vera Cruz criou e mantém a Fundação Roberto Rocha Brito, referência em treinamentos e cursos de saúde na Região Metropolitana de Campinas, tanto para profissionais do setor quanto para leigos, e é uma unidade credenciada da American Heart Association. Em abril de 2021, o Hospital conquistou o Selo de Excelência em Boas Práticas de Segurança para o enfrentamento da Covid-19 pelo Instituto Brasileiro de Excelência em Saúde (IBES) e, em dezembro, foi reacreditado em nível máximo de Excelência em atendimento geral pela Organização Nacional de Acreditação.




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