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GERAL • 07/11/2021

5G no Brasil: saiba o que esperar da tecnologia após o leilão de frequências

País já conta com paliativo da tecnologia desde o ano passado, o 5G DSS.

5G no Brasil: saiba o que esperar da tecnologia após o leilão de frequências

Após mais de um ano de discussões e sucessivos adiamentos, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou o leilão de frequências do 5G, na maior venda de espectro já realizada pela autarquia. Ao final, o leilão conseguiu arrecadação de R$ 46,7 bilhões e seis novos operadores de telecomunicação no Brasil.

A compatibilidade com o sinal da TV parabólica, que utilizava a faixa de 3,5GHz até então – a mais usada no mundo para a conexão 5G – bem como a pandemia do novo coronavírus foram entraves para a definição de uma data para o leilão.

Essa frequência, a mais desejada pelas operadoras, foi a segunda faixa licitada no leilão, que teve Claro, Vivo e TIM como vencedoras dos lotes B1, B2 e B3, respectivamente. Somadas, as ofertas por esse espectro chegam a R$ 1.11 bilhão.

Além dessas, ainda são ofertadas no certame outras três faixas de frequência: 700MHz – primeira a ser leiloada e arrematada pela Winity II Telecom, ligada ao Fundo Pátria, e que será a nova operadora de telefonia móvel nacional –, 2,3GHz e 26GHz.

Os quatro espectros são os responsáveis pelas transmissões de internet, rádio e televisão por ondas eletromagnéticas. Com a mudança de padrão de conectividade móvel, a expectativa do setor de telecomunicações é de um impacto não apenas no aumento da velocidade de um celular, mas também na vida cotidiana.

Isso porque a maior velocidade e estabilidade, com conexões que ultrapassam 1Gbps, combinada a uma latência (atraso no tempo de resposta de um aparelho) máxima de apenas 4 milissegundos, permitirão avanços na telemedicina, em cidades inteligentes e um crescimento no uso da Internet das Coisas, já que a tecnologia permite a conexão de diversos dispositivos simultaneamente.

Mas e o 5G que já estava aqui?

Operadoras de telefonia e fabricantes de smartphones já oferecem uma espécie de 5G há mais de um ano no país. A CNN explica a diferença entre o tipo de conexão anterior e a que vem com os leilões.

Desde julho do ano passado operadoras como Claro e Vivo adotam o 5G DSS como uma espécie de degustação da quinta geração da internet móvel.

DSS é a sigla em inglês para Compartilhamento Dinâmico de Espectro, ou seja, a rede oferecerá maior velocidade de conexão utilizando a estrutura já presente no 4G e no 3G.

O 5G DSS utiliza o padrão 5G NR (New Radio) na versão NSA (non-standalone) e, por isso, depende de uma rede LTE (tecnologia que permite o 4G no Brasil) para funcionar e conta com alguns recursos do 5G. Ou seja, é uma mistura e, portanto, não é um 5G “puro”.

Porém, a melhora na velocidade não alcançou os patamares que se estimava com a chegada do 5G real, e a oferta do DSS acontece apenas em bairros selecionados de algumas capitais brasileiras, que as operadoras definiram pela densidade de aparelhos com a tecnologia e a renda per capita.

Com isso, regiões mais afastadas dos grandes centros comerciais e as periferias ficaram alijadas dessa primeira fase de implementação do 5G.

A oferta limitada do 5G DSS chegou a ser alvo do Procon ainda em 2020, que notificou Samsung, Motorola e Claro pedindo a elas explicações sobre a oferta da tecnologia, informando sobre a limitação do espectro.

Isso levou a TIM a adiar sua adesão ao 5G DS, que só aconteceu a partir de 2021 com testes em algumas capitais.

Embora realmente não atinja a velocidade e a latência do 5G “puro”, o 5G DSS promete um aumento de velocidade de até 12x quando comparado com o 4G, chegando a 400Mbps.

Porém, na prática, smartphones 5G DSS alcançaram taxas de download e upload semelhantes aos com 4G, em torno de 100MBps, alcançando picos de até 300MBps em raras situações.

Quem possui smartphones com 4G não pode usufruir do 5G DSS. Mesmo em celulares que estão habilitados para o 5G tradicional, o DSS pode não funcionar – isso pelo fato de a tecnologia transitar por faixas de quarta e quinta gerações.

Vale salientar que mesmo com o leilão de frequências, o 5G DSS seguirá funcionando no país, para que a ampliação da rede aconteça de forma mais rápida.

O 5G que vem aí

Com o leilão de agora, o Brasil passa a usar o 5G com as mesmas frequências que outros países, nas tecnologias Sub-6GHz e mmWAVE. Os nomes têm relação com o espectro e com o tamanho das ondas eletromagnéticas que cada uma utiliza e, quanto maior for a frequência, menor a penetração.

Na prática, o 5G, que substitui o 4G como conectividade móvel nas cidades do país e será utilizado em smartphones é o Sub-6GHz, que tem esse nome por utilizar faixas inferiores aos 6 GHZ, que têm maior alcance.

As faixas de 700MHz, 2,3 GHz e principalmente a de 3,5 GHz serão aquelas mais utilizadas pela sua capacidade.

A implementação do 5G em território nacional se aproveita da oferta de equipamentos já utilizados para o 3G e 4G, e o maior desafio está em levar a quinta geração de internet móvel para cidades menores e áreas rurais, que não contam com essa infraestrutura.

Já o mmWave (sigla em inglês para ondas milimétricas) é a tecnologia a ser utilizada em regiões com menor área e maior adensamento de população e aparelhos conectados.

Um exemplo de como funcionam as ondas milimétricas é um show realizado em uma arena ou estádio de futebol. Nesses eventos, uma das características mais comuns é a queda de sinal, e a utilização de uma frequência maior e que permite navegação mais veloz, mas de alcance bem mais localizado, supra a carência das antenas de frequência menor.

Essa tecnologia é fundamental para o funcionamento do 5G em regiões mais densas da cidade, onde há necessidade de alta capacidade.

Mas há desafios ao mmWave: o primeiro é que os sinais não têm tanto alcance até pela própria característica de onda milimétrica, e o segundo é a suscetibilidade a condições atmosféricas.

Uma chuva pode causar interrupção no sinal, já que a precipitação pode absorver o sinal de rádio. Frequências acima de 28GHz poder ser influenciadas até mesmo pelo ar, o que as limita a cerca de 1km de extensão, e até mesmo madeira ou vidro podem atenuar o sinal.

Efeitos práticos para a população

A expectativa após o leilão é que a implementação do 5G em todas as capitais e no Distrito Federal aconteça até julho de 2022, e cidades como São Paulo e Rio de Janeiro recebam as novas antenas ainda neste ano.

Porém, municípios com população inferior a 30 mil habitantes devem receber pelo menos uma rádio base até 2029.

Isso representa um desafio para a implementação da tecnologia, já que nesses municípios e em regiões periféricas das grandes cidades, ainda prevalecem as conexões 4G e até 3G.

O desafio será a implementação da infraestrutura necessária para a nova conexão móvel. A dificuldade de levar a tecnologia a mais cidades somada ao custo da adesão de celulares com 5G representa o desafio para popularizar a nova conexão móvel.

Até por isso, neste primeiro momento, a indústria e a agricultura serão as primeiras a se beneficiar do 5G utilizando redes particulares. Porém, as operadoras prometem rápida implementação para tentar quebrar esse gargalo.

“Vamos promover, de forma acelerada, o acesso digital para o maior número de pessoas e empresas em todo o país. Ter uma posição de protagonista no leilão está em linha com o nosso propósito de digitalizar para aproximar e, assim, entregaremos ainda mais valor para os acionistas, colaboradores, clientes e parceiros”, diz Christian Gebara, CEO da Vivo, em nota enviada à CNN. Procuradas, Claro e TIM optaram por não se manifestar.

 

5G em celulares de entrada

Pouco mais de um ano e meio depois do primeiro lançamento de celular 5G no país, a oferta tem crescido e não está mais restrita a smartphones caros.

Já é possível encontrar modelos intermediários e de entrada, com valores entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, prontos para o 5G.

Fabricantes como Samsung, Motorola e Realme têm investido na popularização da tecnologia como forma de atrair um público mais atento às mudanças, mas que ainda foge de smartphones mais caros.

Democratizar o acesso às velocidades é o grande desafio das fabricantes de smartphones para os próximos anos.

Segundo Marcelo Sato, gerente de vendas da chinesa Realme, recém chegada ao Brasil, a tendência do mercado é levar o 5G para os modelos mais baratos. “No Brasil, pelo fato de um 5G ainda não ser realidade, ainda temos um portfólio 4G mas a nossa intenção é cada vez mais migrar para o 5G”, comenta.

Em mercados como a China, a fabricante, que tem apenas três anos de mercado, apostou em contar apenas com smartphones com a nova conectividade móvel.

Por aqui, a empresa trouxe modelos aptos a usar tanto o 5G DSS quanto o mmWave e sub-6GHz: “Nossa decisão era de ter o nosso portfólio preparado independente de quando fosse o nosso leilão, funcionando tanto no 5G DSS quando no futuro”, finaliza Sato.

Como saber se seu celular é compatível com o 5G?

Com uma oferta maior de celulares no Brasil, a Anatel atualizou seu Sistema de Certificação e Homologação. Para conferir se o seu futuro smartphone é compatível, vale seguir esses passos:

Vá para o site do Sistema de Certificação da Anatel
Em “Tipo de Produto”, selecione Telefone Móvel Celular e clicar em “Apresentar todos os campos
Em “Tecnologia”, selecione NR e clique em Filtrar
É possível ainda filtrar por modelo e fabricante do celular
Pesquise utilizando o comando Ctrl + F e procure NSA-INTER (para aparelhos com DSS) ou SA- (para aparelhos que suportam standalone). Os modelos marcados na busca contem com suporte às tecnologias, mas vale observar as informações adicionais.
Por fim, cheque se a rede está disponível na sua cidade por uma operadora de telefonia

 

Fonte CNN