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ARTIGO • 10/08/2016

“Golpe” ou “Pé na bunda”?

Por Ulysses Guariba. Professor aposentado da USP

“Golpe” ou “Pé na bunda”?

Grande parte do lulopetismo se mancou do equívoco de utilizar irrefletidamente a
conversa mole do “golpe”. Ninguém acreditou na farsa que nunca teve nem pé nem cabeça. Só
alguns incautos entraram na onda, viciados na enganação da marquetagem que engabelou por tantos
anos parte dos brasileiros. O principal propagador da farsa, o ex-Ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, funcionando como advogado de porta de cadeia, repete à saciedade expressão “golpe”pois
não haveria crime de responsabilidade da Grande Chefa. Ninguém dá mais atenção às suas trôpegas
catilinárias e a sua prosa vazia e repetitiva. Faz um triste papel como causídico...

Reconheçamos: os petistas foram hábeis na enganação. Tiveram sempre como fonte de
inspiração a prosa ambígua e a imagem contraditória e multifacetada do inquestionável chefe Lula
da Silva. A brilhante ideia de utilizar “golpe”, pra lá e prá cá, deve ter surgido deste ninho de
malfeitos ou de algum marqueteiro ainda solto. Talvez até mesmo da cabeça satânica de João
Santana que hoje atado em tornozeleira eletrônica entrega toda a quadrilha nominando o grande
Chefe e a grande Chefa da bandidagem. Vem chumbo grosso por aí neste mês de agosto...

A repetição da expressão “golpe” para designar o processo do impedimento da Dilma
foi tão grosseiro e pouco inteligente que está em pé de igualdade com a expressão dos exaltados
oposicionistas que saboreiam a expressão: “Pé na bunda da Presidenta!”. A vida política nacional
foi lançada num abismo sem fundo...

O cenário hoje está claro. O buraco em que entramos foi construído com muita
incompetência, populismo e voluntarismo. “A tragédia econômica terá como apogeu a pior recessão
de nossa história, superando a grande depressão”, lembra Gustavao Franco. Hoje são mais de onze
milhões de desempregados pelo país afora. Triste cena: Dilma com as botas da insensatez
esmagando o setor mais carente de nossa sociedade: os trabalhadores. Imagem fúnebre: a retórica
do engano atravessa como uma estaca o coração dos petistas incautos. Vou supor que ainda existam
alguns incautos para salvar o otimismo e a esperança na humanidade.

Mas os petistas estão todos desnorteados, perderam definitivamente o rumo. Seus
documentos defendem a retomada da política econômica do primeiro governo Dilma, baseada na
enorme expansão das despesas públicas, nas desonerações fiscais, na distribuição de subsídios, na
derrubada dos juros, na fartura do crédito e na venda das reservas externas. O PT publicou a
“Resolução sobre a Conjuntura”. Samba do crioulo doido. Querem repetir a dose. Decolaram da
triste realidade que provocaram. Atolam o país mais fundo no lodaçal da desesperança. Vade retro!

À tragédia na economia, somaram-se a incompetência e a arrogância política. Enforcou-
se no abuso de poder e no voluntarismo. Fritou suas bases no Congresso. Afrontou e humilhou seus
aliados. Ficou falando sozinha. Perambulando como uma sonâmbula pelos jardins de Brasília.

A camarilha Lula/Dilma/PT acabou a navegar num velho galeão que faz água por todos
os lados. A companheirada aflita e assustada rodeia o tombadilho. Pendurada nas bordas contempla
o imenso oceano sem terra a vista. Com a água nos porões, os ratos abandonam o barco. O galeão
envelhecido pelas teses caducas do século passado, soçobra... Uma tentativa foi pular para o PDT
que afundou votando contra o “impeachment”. Não enganam mais ninguém.

No alto da ponte de comando, aglomeram-se os radicais petistas acenando as bandeiras
vermelhas lamentando a perda das boquinhas e dos recursos do estado para organizar a militância.
Vão ter que enfrentar o duro mercado de trabalho. Curioso é o eco de aplauso dos mais radicais da
esquerda a incensar a bandalheira petista. Esquerda radical mais que equivocada...
Querem entender a esquerda na vida política nacional? Nem com reza brava!

Por Ulysses Guariba. Professor aposentado da USP

Agosto de 2016.




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