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CATEDRAL
LOCAL • 13/08/2021

Assisense obtém nulidade do matrimônio de 26 anos, mas burla período para nova união

A primeira esposa se sente injustiçada e questiona a Igreja Católica.

Assisense obtém nulidade do matrimônio de 26 anos, mas burla período para nova união

(foto do casamento ocorrido em 1º de setembro de 2020, fornecida pela família denunciante)

Após 26 anos de casamento, a moradora de Assis, S. R. C., 57 anos, teve seu matrimônio anulado por solicitação do marido, O. D. J., 60 anos, ao Tribunal Eclesiástico. O homem se casou novamente em 1º de setembro de 2020, ignorando o Vetitum, que no direito canônico da Igreja Católica é uma proibição, na forma de preceito, imposta por um juiz eclesiástico a qualquer um dos envolvidos (esposo e esposa), para atrasar a celebração de um futuro casamento, por dois anos, até que cesse a causa da nulidade do primeiro. Assim, o propósito pastoral de um vetitum é ajudar um casal a enfrentar os problemas subjacentes que levaram ao rompimento de uma união matrimonial anterior.

Assim sendo, O. D. J.,  somente poderia se casar na igreja em outubro de 2021, porém, mesmo o prazo do vetitum não tendo sido atingido, contraiu novo sacramento matrimonial, um ano antes, para espanto da família, que procurou a reportagem, mas soliciou o anonimato. 

O que pesa na denúncia da ex-esposa, não é, segundo afirma, algum tipo de ciúme, ou revanche. Ela se sente injustiçada pelo que considera “privilégio” concedido ao homem, que ao anular o casamento de 26 anos, de certa forma anula também os três filhos, de 27, 35 e 40 anos de idade, fruto da união ocorrida em janeiro de 1981, os quais também se incomodam com a situação da mãe.

O homem, segundo o filho mais velho do casal, abandonou o lar quando o mais novo tinha 12 anos de idade, em março de 2007. Ele entrou com pedido de nulidade em dezembro de 2017 e teve a causa ganha em outubro de 2019, sob a justificativa de que a noiva é católica e fazia questão de se casar na igreja.

“Como o vetitum exige dois anos, ele (pai) somente poderia casar na igreja em outubro de 2021, mas por conta de muita amizade com um padre, o casamento foi realizado bem antes, o que é um absurdo”, cita o primogênito do casal.

A mulher expõe que o ex-marido agiu com total hipocrisia: “Ele, que sempre se mostrou tão favorável à justiça, conseguiu se casar muito antes dos dois anos exigidos pela igreja, e antes disso teve relacionamentos com outras mulheres. É muito triste você ficar casada por 26 anos com uma pessoa e ver tudo isso anulado, sem que você tenha dado motivo. Eu quis a separação, aceitei, até mesmo porque fui traída durante meu casamento, inclusive com a atual esposa dele, com quem tem uma filha de 26 anos. Mas ele anular algo sagrado, e ainda assim passar por cima das normas da nulidade matrimonial, é algo que eu não entendo, tampouco aceito”.

Diante da situação, S. R. C. tem buscado incessantemente uma resposta da Igreja. Ela enviou carta à Cúria Diocesana de Assis, solicitando uma explicação, e há pouco foi atendida, com a resposta de que o vetitum não foi removido.

A reportagem tentou falar com o bispo Diocesano de Assis, dom Argemiro Azevedo, contudo a orientação foi para que o padre Carlos Roberto Santana da Silva, o “padre Beto”, que está à frente do Tribunal Eclesiástico de Assis, fosse procurado, o que foi feito, entretanto não conseguimos falar em ele.

Quando procurado, na última quinta-feira, o religioso estaria dando aulas no período da manhã. Na parte da tarde, os vários telefonemas não foram atendidos, talvez pelo não funcionamento no referido período. Neste dia 13, em nova tentativa, a secretária do Tribunal Eclesiástico (Tribunal Interdiocesano de Botucatu), Juliana, informou que o padre só vem a Assis às quintas-feiras e alegou não ter autorização para passar o número do celular dele.

Foi deixado recado para que o religioso nos retorne a ligação, e assim, possamos oferecer a versão da igreja sobre o ocorrido. Fica aberto o espaço para manifestação.

Também deixamos espaço aberto para que o senhor O. D. J., entre em contato com a reportagem, caso julgue necessário se explicar. O contato do portal é o (18) 91830-2356.

 

 

Redação Abordagem

Fotos cedidas pela família