Abordagem Notícias
SANTA CASA
LOCAL • 07/10/2020

Com muita positividade, professora de Assis relata sua experiência contra o câncer de mama

Kedma está chegando ao final do protocolo, repleta de experiências para compartilhar.

Com muita positividade, professora de Assis relata sua experiência contra o câncer de mama

Otimismo, garra, fé, leveza e positividade foi o que ajudaram a professora assisense, Kedma Marta da Silva Ribeiro, de 51 anos, a enfrentar o câncer de mama, diagnosticado esse ano. Desde o momento em que descobriu a doença, ela passou a compartilhar seus sentimentos e explicar os tratamentos nas redes sociais, mostrando uma garra admirável.  Em seu instagram há relatos tocantes sobre a sua experiência com o câncer de mama, motivando muitas mulheres a enfrentar o que chama de "intruso" com coragem e determinação. Essas verdadeiras lições podem ser acompanhadas no endereço @kedmaoncovida.

Leia o relato dessa grande guerreira, passado ao Abordagem Notícias nesse mês, o Outubro Rosa:

“2020 foi cheio de novidades. Câncer seguido de pandemia. Nunca pensei em ter um câncer e agora me vejo aqui escrevendo para um jornal da cidade, nesse Outubro Rosa, para falar um pouco dessa experiência indesejada por todos, mas vivida com uma intensidade incrível no cuidado pela vida, pela minha vida.

Estou chegando ao final do protocolo, repleta de experiências que quero compartilhar aqui nesse espaço, com vocês leitoras e leitores.

Desde 2014, acompanhava com mamografia e ultrassom de mama, um nódulo no meu seio esquerdo que tinha a aparência de um fibroadenoma, nome dado a um tumor benigno, porém em julho de 2019 o bico do meu seio recolheu, fui novamente ao médico e ele viu que havia algo a mais, o câncer surgiu atrás do fibroadenoma e ficou escondido por um bom tempo. Agora tinham dois tumores no meu seio, que se juntaram e se tronaram bem maiores.

Comecei aí a correria pelo diagnóstico, com vários exames até chegar ao protocolo (nome dado ao tratamento). Fiz duas vezes biópsia, na primeira só pegou o fibroadenoma e na segunda, o câncer. Fiquei sabendo do resultado no dia 24/12, perdi o chão, o sono, pensei no tempo que me restava e até na morte como seria, fui lá no último dia de vida e depois voltei para a realidade. Nem todos os cânceres são para a morte, assim como nada na vida é para sempre. Olhei para a minha família e foi o que mais me doeu, pensar em morrer e deixá-los. Minhas filhas ainda precisam de mim e também não queria que elas sofressem por me perderem, afinal serem órfãs na adolescência, não deve ser nada fácil. Naquele momento pedi ao Flávio que não chorasse, que não se abatesse tanto até que soubéssemos tudo e depois contaríamos as nossas filhas. No dia 06/01/2020, tive a conversa com o médico, a explicação sobre o meu câncer, protocolo e a partir daí pude conversar com as minhas filhas antes de entrar no tratamento.

Fiz meu tratamento no Hospital Regional de Assis, o meu protocolo começou no dia 11/02 com 4 quimios vermelhas, 12 quimios brancas, 16 no total que terminaram no dia 24/07. No dia 03/09 fiz a cirurgia de retirada do câncer com margem de segurança, que me levou 2/3 do seio esquerdo e o linfonodo sentinela retirado da axila.  Em breve começarei a radioterapia. Após quimio e cirurgia posso dizer que não tenho mais câncer, pois as rádios são complementares para finalizar o protocolo.

O tratamento é longo e doído, são muitas picadas todas as semanas, na segunda-feira exame de sangue, na terça-feira quimio e nos cinco dias que seguem, vacina aplicada na barriga.  Cada paciente tem seus sintomas, posso falar dos meus. As medicações fortes me causavam insônia, enjôo, queda de todos os pelos do corpo, desânimo, dores no corpo, lacrimejar, mudança no sabor dos alimentos, a mucosa do corpo seca, causando ressecamento na pele, no nariz e nas fezes (parece que eu cagava um sabugo sem manteiga), sangramento no nariz, alergia no corpo, irritabilidade, esquecimento, mas tudo passa! Essa é a frase que mais ouvimos durante o tratamento. Muitos pacientes onco não gostam de ouvir isso, porque tudo passa, mas é muito difícil passar. Eu entendo que as pessoas sempre querem falar algo para um paciente onco, mas é difícil acertar o que falar, por isso sempre acolhi o que me disseram e dizem, porque ainda faltam informações, mesmo estando com a medicina tão avançada e com tantas leis que protegem os pacientes com câncer. Existe também um tabu sobre essa doença, porque no passado muitos morreram sem a menor chance de cura.

Hoje, a maioria dos cânceres tem cura, desde que sejam descobertos precocemente e tratado logo. Todo o meu tratamento está sendo feito pelo SUS, ele é de alto custo e necessário para todos os oncos.

Nesse mês, todos os holofotes estão voltados para o câncer de mama, são dadas orientações para que o diagnóstico seja precoce. Ter uma rotina de exames todos os anos depois dos 40 anos (com mamografia e ultrassom de mama), fora isso, tocar os seios durante o banho e se sentir algo estranho, ir a UBS mais próxima, caso não possua plano de saúde, agendar uma consulta e fazer os exames. O sistema de saúde do município precisa agilizar esses exames, não pode passar de um mês o agendamento. Infelizmente isso não acontece. Por isso aproveito esse espaço para dizer que encontrei muitas pacientes que chegaram na onco já com metástase, porque esse caminho do toque nos seios até a biópsia demorou muito. A lei precisa ser cumprida e o diagnóstico do câncer precisa ser prioridade. Pessoas não podem morrer por falta de agenda ou por número reduzido de ultrassom e mamografia.

Ainda tenho muito para contar, aguardem!”.




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