Tradicionalmente utilizada para o tratamento de vermes e parasitas, a ivermectina tem adquirido uma nova atribuição popular, que aponta para a possibilidade de o vermífugo ajudar no combate à Covid-19, o coronavírus.  O comprimido ganhou destaque a partir do mês de abril, depois de um estudo da Biomedicine Discovery Institute (BDI), em Melbourne (Austrália), publicado na Antiviral Research, indicando que o medicamento foi capaz de conter o avanço e inibir a replicação do SARS-CoV-2 (Covid-19) em teste in vitro (em laboratório).

Mesmo que ainda não haja respaldo científico concretizado, o mercado já registra uma alta na procura pelo remédio. Nesse sentido, a reportagem consultou a disponibilidade do medicamento em todas as farmácias de Assis, não encontrando em nenhuma. Em algumas cidades da região, como Cândido Mota e Paraguaçu Paulista, nova remessa do medicamento é esperada para essa quinta-feira, 02, com o alerta de que nem deve parar nas prateleiras. 

A baixa nos estoques, a demora de reabastecimento por parte das distribuidoras e, apontam para a alta nos preços. Até o início da pandemia, a caixa com quatro comprimidos podia ser encontrada com facilidade por valores médios entre R$ 15 e R$ 20. Não se sabe por quanto cada caixa será vendida agora. 

Em uma das farmácias consultadas, o estoque que havia sido reabastecido na sexta-feira passada foi zerado no dia seguinte. O mesmo já ocorreu com a nitazoxanida (outro vermífugo) que desde o dia 16 passou a ser comercializada apenas com receita médica especial, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após a alta na procura do remédio como método de tratamento do coronavírus, sem comprovação científica.

Muitas pessoas que conseguem os medicamentos citados já compram em grande quantidade, como garantia.

Na farmácia lozalizada no interior do supermercado São Judas, já não tem mais o medicamento, que deve chegar amanhã. Há uma grande lista de espera e as caixas vêm fracionadas, ou seja, o distribuidor só entrega uma determinada quantidade, e não o que é pedido pela farmácia. 

Nas redes sociais são crescentes as postagens de testemunhos de melhoras no quadro de coronavírus com o uso da ivermectina, que também vem sendo usada  como prevenção à Covid-19.

Vale destacar que os testes feitos até agora com o medicamento, no tocante ao coronavírus, são apenas in vitro, e o fato de o teste ter apresentado resultado positivo em laboratório não significa que ele possa realmente agir contra o vírus quando utilizado por humanos, podendo não ser eficaz.

Em estudos anteriores, a ivermectina chegou a apresentar eficácia para frear a replicação de alguns vírus, como o da dengue e até o vírus da Aids (HIV), mas, assim como na Covid-19, sua eficácia também não é comprovada.

 

Redação Abordagem

foto divulgação