Quando a cidade respira cultura
E, ao respirar, lembrou que cultura não é enfeite é essência.

Sábado,30, uma parte de Assis parou para ouvir o som da própria história. Foi noite de Festa do Folclore, noite em que a tradição encontrou a modernidade e a memória se fez presente em uma das construções mais antigas da cidade. As ruas ao redor do museu da histórica Casa de Taipa se encheram de vida, de cores, de cheiros e de sabores. Brinquedos para as crianças, pula pula, infláveis e futebol. Espetinhos assando no fogo, milho fumegante, caldo de cana doce e gelado, raspadinhas refrescantes, arepas que atravessaram fronteiras, churros açucarados... Uma verdadeira celebração da diversidade que se manifesta também pela comida.
Dentro do terreno histórico, artesãos e artesãs davam forma ao invisível: bordados que carregam histórias silenciosas, pinturas que falam em cores, madeiras transformadas em memória. A Casa de Taipa, testemunha centenária, parecia sorrir, vendo que sua função de abrigar encontros se renovava, mesmo após tantos anos.
E havia um detalhe poético no ar: de um lado, o sol se despedia tingindo o céu de laranja; do outro, a noite caía, trazendo consigo o movimento do Jairão, onde a cidade vibrava com uma vitória histórica — 66 a 65 no último segundo. Enquanto o chão do ginásio tremia de emoção, no palco da Festa do Folclore era a arte quem estremecia corações: circo, balé, carimbó, catira, forró, cordas e percussões, gaitas e violas. Até personagens do nosso imaginário, como a Cuca, o Visconde de Sabugosa e a Caipora, estavam ali para lembrar que a fantasia também é parte da nossa identidade.
Assis respirou cultura. E, ao respirar, lembrou que cultura não é enfeite — é essência. É ela que resgata nossas origens, que projeta nossa identidade para o futuro e que garante que nossas crianças não cresçam apenas ouvindo falar do que fomos em uma tela de celular, mas participando ativamente daquilo que continuamos sendo.
"A arte existe porque a vida não basta", já disse o poeta. E ontem, em meio às ruas cheias, às gargalhadas, à música e à dança, compreendemos que viver é também celebrar nossas raízes. Naquela Casa de Taipa, cada um de nós encontrou um pedaço da resposta para o que somos e para onde vamos.
E assim, reafirmarmos: a cultura é essencial. Sem ela, uma cidade perde a alma. Com ela, Assis segue viva, pulsante e inesquecível. Assis é arte, é cultura, é vida.
Gratidão a todas as pessoas que participaram, artistas, professores, colaboradores e expectadores.
Escrito por Karol Tedesque
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